segunda-feira, 5 de abril de 2010

Guaraná e o bom velhinho

Aí, esquecemos dele!

Guaraná, um menino sambudo (com barriga grande) não estava muito habituado com festas.
Nunca tinha tido aniversário, ido à casamentos ou coisas desse tipo.
Tinha uns 6 anos e aquele dia era natal na escola.
Ele já tinha ouvido falar de papai Noel. Um velhinho que distribuia presente montado numa carruagem puxado por renas?
Rena era uma cabra com chifres compridos.
Carruagem, uma carroça pequena, mas bem acabada.
E papai Noel era um velhinho besta, porque deixar o clima agradável do polo norte pra ir até o sertão levar presente?
Guaraná nunca tinha visto o tal velhinho, mas ninguem nunca viu. O pai dele dizia que Noel vinha quando as criancas dormiam e deixava o presente.
Ele nunca havia ganhado nada de papai Noel.
E aquele dia na escola o velhinho viria do polo norte sópra participar da festa da escola.
Era aquela barulheira, criança correndo pra lá, pra cá! Uns sorriam, outros gritavam. O cheiro de suco de morango enchia o embiente.
Guaraná ainda viu a tia Lurdes vestindo uma roupa vermelha enquanto conversava com outra tia.
- Os pais não mandaram nada!
- E agora?
Uma orda de crianças passou e o levou pro salão!
-Ho ho ho!!!
Assim entrou o bom velhinho com um saco nas costas.
Eram presentes!!
O papai Noel começou entregando os presentes que vinha com etiquetas.
Ele não tinha decorado de quem eram os presentes.
Guaraná estava achando aquele velho muito esquisito!
Que bunda grande!
O saco aos poucos foi se esvaziando.
Maria Moreira, Lucio Alves, Magno Queiroz, Patriana Marcia.
Uma boneca, um carrinho de corda, um revólver, um jogo com peças pra montar uma cidade e assim por diante.
Guaraná viu um boneco play Mobil e pensou: Vou ganhar um desses!
Mas o saco se esvaziou e ele não foi chamado.
O bom velhinho esqueceu dele.
Sentiu um nó na garganta, uma dor no peito que refletia na testa e uma vontade enorme de chorar.
Por quê esse velho sacana não me trouxe nada?
Guaraná aos poucos foi se afastando do grupo e foi se encolher no fundo da sala.
Baixou a cabeça e chorou. um choro sentido!
Adormeceu e sentiu como se muito tempo tivesse se passado. Acordou com a tia Lurdes com a barba mal colada caindo de uma lado lhe dando uma bola comprada as pressas na feira que tinha ali na frente da escola.
Pegou a bola, baixou os olhos e agradeceu.
Velho miserável! Nunca mais pego numa bola!

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