quarta-feira, 5 de maio de 2010

A bandeija chic

Ai, que cheiro de gordura!!
E assim íamos pulando de restante a restaurante. Cada dia era um diferente, não podíamos enjoar.
Eu sempre com físique de cabide, não podia ficar sem fazer uma refeição e o ritmo era puxado.
Eram 8 horas no escritório, depois tinha ensaio no taboão e só ia chegar em casa lá pra meia-noite. Foi assim durante um bom tempo.
Quando mudou, eu incluí a faculdade durante a semana e o teatro ficou só aos finais de semana.
Mas a inquietação por um restaurante decente, durou muito tempo.
No início ainda tentamos comer no que eles chamavam de copa. Comprávamos umas marmitas, feitas nem lembro mais por quem e dividíamos pra duas pessoas. Era comida muito boa mesmo e barata!
Lembro de um macarrão que era um espetáculo. E olha que nunca fui muito fã de macarrão.
Era um grupo. Comprávamos várias marmitas daquela comida caseira que alguém havia nos indicado. Nessa época o dinheiro curtissimo tinha que ser bem administrado!
Organizamos da seguinte forma: Cada dia descia duas pessoas pra pegar as marmitas. Mas é lógico que tinha gente que não queria ser visto com aquela prova de pobreza, aquela vergonha!
Já pensou, todo mundo na empresa ficar sabendo que como marmita?
Vez ou outra dava confusão na nossa escala.
E era sempre uma farra aqueles almoços.
Dadas as confusões, resolvemos ir pro restaurante. Descobrimos um lugar que tinha uma comidinha mais ou menos e dava pra duas pessoas. Ah, o melhor: era baratinho!
Eu apelidei o lugar de Cabellus! Só pra dar uma emoção.
Lá nunca encontramos nada que desabonasse a higiene do lugar, mas o atendimento era PÉSSIMO!
As garçonetes só faltavam bater nos clientes. Vinham colocar os pratos e talheres e arremeçavam na mesa. Numa delicadeza...
O grupão foi se resumindo .
Ficamos só eu e minha amiga,  Bia, que hoje atende pelo seu nome de batismo: Eliana.
Cada dia tinhamos um restaurante pra irmos visitar.
Tinha um Strogonoff maravilhoso que saíamos rolando do restaurante toda quarta-feira. Mas como nem tudo são flores na hora de pagar era um suplício. A dona era uma centopéia dopada.
Comíamos também uma torta de frango fantástica no Marjorie, um restaurante que era um corredorzinho.
Hummm, descobrimos um restaurante na puta que pariu que servia uma anchova as sextas que era um manjar! Mas era longe pra porra!
Desses restaurantes todos nenhum marcou mais nossas vidas que o Bandeija chic. Talvez pelo tempo em que comemos alí.
O melhor pastel do Brooklin as quartas e sextas, o melhor nhoc as terças e sextas, a melhor feijoada, pra mim que não gosto de orelha, pé e adjacências, bacalhau ao zé do pipo, e um monte mais de maravilhas que nos sustentaram durante 5 anos...
Ali vimos crianças crescerem, pessoas sumirem, roubarem sorvetes. Rimos muito, sofremos bastante e agonizamos nossos últimos momentos.
Quem estiver passando pelo Brooklin na hora do almoço pode ir conferir as maravilhas oferecidas pela simpatia que é o Sr. Mario, um japonês gente finissima.



Rua Guararapes, 1593!

3 comentários:

  1. Se as marmitas forem da minha época... Quem fazia era a esposa de um cara que acho se chama João, ele era da Cooperdata, gordinho de bigodinho e a comidinha... hum

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  2. Aaaah, isso mesmo!
    Era muito boa a comida, ne?
    Mas a mulher foi ameçada de morte por uns bandidos e tiveram que ir embora.
    Locura!!!!

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  3. Ameaçada?!!!
    Credo não fiquei sabendo dessa parte.

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Posso continuar? Hãn?!