Caindo na balada

O telefone tocou as 5:30h. Marryana chorando, me contava todos os acontecimentos.
Eu ainda atordoado, não conseguia digerir e muito menos pensar em algo que acalmasse a moça.
Falei algumas palavras de conforto, frases prontas e marcamos de nos encontrar mais tarde.
Convenci a moça das botas de irmos a uma festa a noite pra distrair.

- Distrair Marryana!
Você precisa sair sem compromisso!
Era uma festa na casa de um amigo. Era uma reunião de amigos na futura casa que ele estava construindo nos fundos da casa da mãe!
Coisa de gente doida pra variar.
- Mas aqui eu não vou achar ninguém!
- Calma Marryana, relaxa! Quem disse que eu te trouxe pra arrumar namorado?
- Eu pensei.
- Pensou errado. Aliás, vou te dizer uma coisa, o seu problema é que você pensa demais e age de menos. Relaxa e dá umas voltas. Tenta se enturmar!
Não tinha muito pra onde ir. A casa tinha dois cômodos e uma escada que dava em lugar nenhum, por enquanto.
E realmente era uma festa estranhíssima com gente pra lá de esquisita!
Eu sei que isso é uma questão de ponto de vista, mas aquelas pessoas assustariam qualquer mortal numa esbarrada numa rua escura de madrugada!
Me senti num episódio do Túnel do tempo! Era muita gente retrô junta.
- As vezes, eu tenho a sensação de estar numa daquelas baladas da rua Augusta!
- Vai andar Marryana!
- Eu não! O que mais ouvi aqui foi: Nossa que olhos lindos! São seus mesmo ou é lente!
Realmente os olhos da nossa sofredora mocinha chamam a atenção, mas isso passou de bônus à um suplício. Marryana tinha certeza que aqueles olhos destoavam de todo o resto.
- Me colocaram esses olhos por engano!
- Quem dos seus pais tem olhos claros, criatura? Seu pai ou sua mãe?
- Meu pai morreu!
- Hãn? E quando era vivo?
- Deixa isso pra lá!
Marryana se engraçou com um baixinho de piercing na sobrancelha. Foram prum canto conversar. Disfarcei e chegando mais perto pude ouvir:
- Tá afim de ir dá um dois?
- Hein?!
- Vamos dar um dois?
- Olha querer eu quero, mas hoje não é um bom dia...
- ???
- Eu tô menstruada!
Arranquei a menina dali!
- Que foi? Você estragou tudo. O cara tava me cantando, Walter!
- Até pode ser, Marryana, mas dá um dois é o que pra você?
- Sei lá... transar? ... Duas vezes?
- ...Vamos embora?