Ai, cacete!
Eu tenho a impressão de que certas coisas só acontecem comigo!
E essas historias não são viagens minhas.
Eu sou o cara que mais se perde de ônibus. Não que eu não saiba o itinerário, mas vira e mexe, me percebo dentro de um ônibus com o motorista perdido.
Um dia desses depois do espetáculo, entrei no ônibus como sempre e abri meu livro, fones, música e lá fui eu. Quando dei por mim estávamos no Shopping Butantã, novamente e o ônibus em polvorosa.
O motorista tinha se perdido e o pior continuava perdido.
Entrou um sagui que começou a guiar o motorista. Mais algazarra e o povo gritava. Duas moças atrás de mim, mãe e filha estavam preocupadas com o horário. Iam pra um forró em Sto. Amaro e se chegassem depois da meia noite iam ter que pagar a entrada!
Lá pelas tantas, entre aquelas ruazinhas escuras, alguém sacou uma caixa de bombom e aí a aventura virou festa!
E eu já completamente fora do meu caminho, só pensava em chegar em algum lugar onde pudesse ir pra casa.
Eu estava indo pro Shopping Morumbi e naquele momento, 23h30, estava indo sentindo Embu das Artes!!!
O cara que estava guiando o ônibus, desceu em frente a sua casa e nos deixou ao Deus dará.
Eu voltei os fones e voltei pro meu livro. Não tinha muito o que fazer.
Chegamos finalmente em Sto Amaro.
Churrasco, forró, quengas, ambulantes, música alta e de qualidade duvidosa. O povo arrumado pra noitada exalando perfume doce, passava e gargalhava alto.
Cheguei no ponto que me levaria finalmente pra casa.
O Cassabi tirou a vã e lá fui eu procurar outra opção.
Quando entrei no ônibus, lá estavam dois rapazes tomando cerveja.
Um dizia pro outro:
- A mina era responsa.
Não vou dizer que era show, mas véi, dava pra andar de mão dada!
Apois?!
Voltei meus fones, quando o ônibus foi invadido por um grupo de butchangas!
Todas com copos de vidro longos, cheios de cerveja. Os cabelos pareciam imersos em oleo de fritura. Uma delas tinha uma blusinha curta que deixava uma cicatriz a baixo do umbigo. Parecia queimadura de ferro quente. Mas isso não era motivo de tristeza e ela ria, alto, muito alto, dentro do meu ouvido!!!
Os dois rapazes logo se animaram e se juntaram ao grupo. Falando ao pé do ouvido.
- Nossa, a gente achamo que a noite tava perdida? Mas vocês acharo nóis!!
Êêh, noite boaaaa!