A gente vê que está ficando velho quando numa conversa com alguém mais jovem, surge aquela ruga na testa de interrrogação, por não saber direito do que estamos falando.
Quando se fala de pager por exemplo. Tem gente que não sabe o que é. É uma dificuldade explicar o funcionamento do negócio.
Ia-se ao orelhão (quase nem se usa mais isso! Todo mundo tem celular.), colocava-se a ficha (?!!) e ditava-se a msg pra atendente que digitaria e encaminharia pro número do pager que você informou no inicio da conversa.
O trabalho de atendente era muito, muito divertido!
Trabalhei um ano nisso e era uma farra. Quantos livros li, enquanto digitava as tais mensagens. E tinha umas escabrosas. De amor, separação, de amantes com direito a suspiros e gemidos. Era realmente uma festa!
Quando a gente começa a sentir saudade é porque a idade está aumentando, não tenho dúvida!
Aí, resolvi ter um bicho de estimação, não podia ser cachorro, porque acho um bicho muito expansivo! Hiperativo! E eu as vezes gosto de curtir uma solidãozinha!
Resovi criar um gato, perfeito. Procurei, procurei e nada!!
Droga, eu queria um gato preto. Sempre achei lindo gato preto.
Mas aí, a minha vizinha me apareceu com um gatinho, feeeeio! Parecia um bichinho de goiaba. Não era branco, não era cinza e muito menos preto!
E eu fiquei com aquela coisinha que não miava, uivava. E logo muito cedo, com dias de vida, ele aprendeu que eu não suporto miado de gato. Tudo combinado, batizei a gatinha de Sulanka. O nome da personagem de Diva Pacheco na Novela do Falabela, A Lua me disse.
Dois anos depois eu resolvi arrumar uma companhia pra Minha gatinho Sulanka. Assim mesmo, Gatinho. Nesse meio tempo a gatinha mudou de sexo, Ela sempre foi ele!!
E mais uma vez recebi um presente de uma grande amiga e ganhei a Satine, como a personagem da Nicole Kidman no Moulin Rouge. Uma gatinha pretinha, coisa fofa. Agora com o sexo certo. E assim essas duas criaturas entraram na minha vida.
Foi jogada numa garagem onde tinha um bitbull pra ser devorada.
Tudo tem começo, meio e fim. O díficil é a gente se acostumar a isso.
E na vida tem ciclos que nem sempre são identificáveis.
Um dia desses eu estava me debatendo pra compor esse último personagem, que me fez companhia nos finais de semana, e puft acabou!!
Eu me acostumei a despedidas desde muito cedo. Presenciei as choradeiras das minhas tias, avós ao se despedirem dos irmãos. Essas choradeiras eram praxe. Não importava pra onde estivessem indo. Tudo era um drama.
Isso tudo me fez perceber que adeus na maioria das vezes é somente até logo!
E foi muito bom fazer esse personagem.
Obrigado aos que foram me prestigiar e aos que não foram até a próxima oportunidade.
Quando fiz o Lúcio, era eu. E o Valdecy, era eu mesmo e até a Sõnia Travis era eu mesmo de baton!
Prefiro pensar que isso é o resultado de um trabalho bem executado.
O nosso trabalho na Encena é naturalista em sua grande maioria. Meu personagem na peça A peça é Comédia não pode de forma alguma parecer falso, uma caricatura, um tipo. Tem que ser crível.
É lógico que tem muitas coisas minhas, afinal sou eu quem interpreta! Mas somos opostos.
Uma mulher depois da peça:
- Virei sua fã. Você é muito engraçado. Nossa ri muito...
A do lado:
- Você é engraçado mesmo. A gente nota daqui olhando pra você! Olha, quando você vira assim... muito engraçado!
!
Terminamentemente eu não sou engraçado. Nem fico tentando ser.
O Tony é metido a engraçado, faz piada o tempo todo. Quer ser sempre o centro. Eu fujo disso!
Quando eu recebi o texto do Giba, veio com a recomendação de que o Tony não poderia ser um vilão, nem antipático. Ele teria que ser maldito, ácido. Mas deveria ser uma pessoa que apesar de tudo é empático.
As pessoas precisariam gostar dele.
E eu parti daí.
E pela cara do público estou conseguindo. Eles abrem um sorriso maldoso a cada vez que intervenho. Como uma criança que vibra com as maledicências de outra!
Mas ele faz coisas que eu jamais pensaria em fazer!!
A atora passou num teste pra participar de uma pegadinha no programa do SS. Ela e sua amiga Durbem.
Enquanto esperavam sentadas na porta do bar onde iam fazer transeunte!! - Ai, Durbem vamos ficar famosas! Agora a gente pode dizer que é artista de verdade! - Mas será que vão ver a gente? - Claro que sim. - Tá! - Ai, televisão é um misterio né? - ?!
- Na televisão a gente não vê as pessoas!
- No Saci sem a perna as vezes eu não vejo as crianças!
- Mas no teatro cada dia o público é diferente!
- Quando tem, é.
- Já no cinema, Durbem a tela é enorme. Grande mesmo!
- É...!
- Essa nossa arte é abençoada...
- Sei! - Quanto velhinho? será que é pra cá? - Gente, onde será que arrumaram tantos?
Fico me perguntando isso, olhando o movimento das pessoas na rua.
Eu acho cada vez mais díficil isso ser verdade.
A gente fica cada vez mais exigente.
Todo mundo sonha com um amor perfeito. Todos sonham com príncipes e princesas e acabam ficando com os sapos e as pererecas!
Quando entro numa balada, vejo aquele mundaréo de gente sozinha. Procurando sua outra metade e acabam voltando pra casa sozinhos.
Centenas de pessoas solitárias e que continuarão assim até a próxima saída. Elas se arrumarão, colocarão seu melhor perfume, sua roupa mais legal e cairão na selva pra caçar a felicidade.
Só que as buscas são sempre muito loucas!
Eu chego a pensar que as pessoas estão sempre procurando a si mesmos e por isso fica tão díficil encontrar alguém. Vai ver qu também tô nessa situação.
Eu continuo procurando a outra metade da laranja, a minha tampa.
O foda é se eu de repente descobrir que sou uma caçarola. Sem tampa!
Ai, ai isso podia acontecer mais vezes com várias pessoas!!!
Um dia desses postei por aqui a história dessa figura que teria morrido e deixado somente uma canção pra provar a humanidade que existiu. Pois bem, o incansável, Vagner foi a campo e descobriu a moça numa cidadezinha do interior. Aguardem a entrevista completa.
E hoje tem A peça... no Teatro Augusta, estamos entrando na penúltima semana.
Aos amigos que ainda não foram, corram que esta temporada já está acabando!
Estamos aguardando!!!
E as quartas e quintas tem Jingobel no ECE. Venham conferir os trabalhos dos guerreiros da Encena!!
Hoje eu gostaria de não escrever. Queria dar uma pausa pra refletir.
Acabei de ler o livro sobre os fabulosos Charles Moeller e Claudio Botelho, Os reis dos musicais.
O livro é uma delícia, muito bem escrito por Tania Carvalho, conta a trajetoria de cada um até o encontro dos dois e dos espetáculos que fizeram juntos.
Simplesmente fascinante!
A trajetória dos que hoje conseguiram respeito e dignidade nunca é fácil, aliás eu ainda não vi um artista de respeito ter saído do nada e ter sido alçado pro olimpo.
A luta é dura, dura. Dura pra todos.
Eu vou meditar sobre tudo, recarregar as baterias pra continuar minha peregrinação em busca de respeito, dignidade e reconhecimento.
Hoje tem Jingobel no ECE (Espaço de Cultura Encena) às 20:30
Acho que o lugar que mais frequento ultimamente, além do teatro é a biblioteca aqui do meu bairro!
E aliás recomendo.
Muito tranquilo, as tiazinhas se Estressam pra copiar o nome na ficha, uma vida beeem dura a delas.
Ando lendo muito, Gibis, Teorias, Biografias e tudo o mais que ache que vai me interessar.
Esses dias peguei um livro infantil com contos da cultura indiana!
Uma maravilha!
É desses livros pro pai/mãe ler pra criança e depois ficar pensando.
O livro chama-se: As 14 pérolas da ìndia de Ilan Breman e ilustrações de Ionit Zilberman.
As historias abordam temas coo inveja, humildade, orgulho, vaidade, sabedoria, perdão e por aí vai.
Um deles conta a historia de um vaga-lume que despreocupado vagava pela floresta a brilhar, sem perceber que uma serpente o observava com a intensão de devorá-lo. Diante da serpente, o vaga-lume ainda tenta arguentar, pede pra fazer 3 perguntas: Se fazia parte da cadeia alimentar da bicha, se tinha feito alguma coisa que ofendesse o outro animal e por fim o por que daquela famigeda cobra querer devorá-lo.
Ela Arregala seus olhos com cílios (postiços) enooormes e diz:
-Porque não suporto o seu brilho!!!
...
É ou não é pra se pensar.
Se puder leia o livro.
Ah, eu nem preciso dizer que a parte do cílio postiço não tem no livro, preciso?
Aí, na hora em que as almas estão soltas pelas ruas...
Figuras bizarras, para dizer o mínimo, vagueiam e nós ali presenciando tudo, enquanto o transporte não vem.
Um mendigo procura bolacha numa embalagem recém encontrada, duas loiras de 13 anos, embebidas no álcool, passam abraçadas. Em seguida passa uma tropa gritando as ditas.
- Vamos escolher um lugar pra ficar!
Um garoto curtido na cachaça aponta no inicio da rua, trançando as pernas. Segura no orelhão e senta no chão!
Sentando no ponto, outro garoto bebum de no máximo uns 17 anos:
- Alô, Fezú?...Fezú?... Onde cê tá?...Hã?... Fezú? Eu liguei pra quem?
Pergunta pro outro garoto já meio adormecido do lado.
Eles tinham o cabelo cortado a faça, alargadores na orelha, paletó do avô, 4 números maior, calça saruel e um tênis branco enorme, parecia um desenho animado bêbado!
- Cês tão onde?
- Alguém aí tem dinheiro?... Pra uma passagem, porquê se eu for pra aí não vou ter dinheiro pra voltar pra casa!
- Quem? É a Gaba! Oi Gaba! Cara, liguei pra Fezú e tô falando com a Gaba!!!!
- Tõ indo pra aí!
Entregou a bituca do cigarro pro amigo desolado e saiu correndo.
Ai, ai! E eu não paro, não paro, não paro, não! Estreiou Jinglobel nessa quinta-feira. Sucesso total, tivemos 70 pessoas no nosso espaço (ECE - Espaço Cultural Encena) e olha que lá tem capacidade para 50 pessoas. E tome cadeiras extras!
Tivemos a presença de alguns amigos e uma ONG nos encaminhou alguns jovens que vibraram com as cenas mais ousadas e as de violência!!
Vida longa pra essas meninas veneno!!!
Enquanto isso, com perseguição ou não, já estamos nos preparando pra esse final de encenarmos no teatro Augusta a peça: A peça é comédia?
Vamos lá moçada, vamos se bulir porque a temporada já está acabando!
E mais uma vez temos estréia na Encena, no caso re-estréia.
Jingobel de Claudio Simões com as garotas da Encena.
Quando recebi o convite, isso lá no ano passado ainda, sabia do desafio que seria mexer numa obra que já estava pronta. Faria alguns ajustes, mas tinha consciência que não seria tão simples.
E cá estamos com poucos ensaios, mas intensos que permitiram uma re-organizada nas coisas.
É claro, que o espetáculo mudou de cara.
Me enfronhei nesses universo e nos ativemos ao detalhe. Eu sempre acho que esse processo nunca acaba. Agora começa outro com o ingrediente principal: o público!
Que ele venha e se divirta.
Espero que apesar da grande marcação cerrada, eu tenha permitido que as garotas ainda sejam felizes. PARABENS MENINAS!
Merda, merda, merda!!!!
A seguir cenas dos ensaios.
Flavia D´Álima, Lídia Sant´Anna e Thania Rocha
Quem puder e quiser pode nos prestigiar mais uma vez no Espaço Cultural da Encena, na Rua Sgto Estanislau Custódio, 130 Jd Jussara, em Setembro as quartas e quintas as 20h30.
Nas horas vagas vou ao cinema, ao teatro, exposições, biblioteca e por aí vai! E vale Ressaltar que ultimamente eu ando com algumas horas vagas, graças!!
Um dia desses fui ver uma peça que me deu a sensação de ter umas 10 horas de duração!
Uma adaptação bem mal feita, atores perdidos. Mal dirigidos, mal escalados. Interpretações pra lá de fakes!!
Era um desserviço pro teatro.
Não dá pra um ator fazer um papel 30 anos mais jovem! Ele precisa ser muito bom pra isso!
Foi como uma penitência assistir aquela apresentação.
A platéia inteira estava inquieta. Lá pela 13º hora escuto alguém resmungar:
- Essa peça não acaba nunca!
Quando finalmente acabou, ouve uma estranha ovação!!!
Gritos de bravo, uivos e urros intra-uterinos!!
- Muito bom! Vou precisar voltar mais vezes, perdi umas coisas...
Ouvi uma senhora dizendo prum ator!
É por essas e outras que não acredito em tudo que me dizem.
Um dia desses estávamos correndo pra decorar o texto e levantar a peça e já estamos no segundo mês dessa temporada.
Esse final de semana foi muito bacana. Bem animado!
O público dessa temporada tem sido um pouco diferente dos outros. Na grande maioria são civis a paisana que estão vindo conhecer o trabalho da Encena e levando em consideração o sorriso no final do espetáculo, isso é muito bom!
Mas estar em cartaz também é um motivo pra rever os amigos, os conhecidos e eventualmente conhecer gente nova!
Já recebi algumas visitas de conhecidos e decidi fazer um quadro com os nomes gravados.
Cadê o seu está aqui? Nããooo?
Ainda dá tempo de correr e ir lá nos ver.
Até 26 de setembro no Teatro Augusta.
Viva, viva, viva! Bom feriado e no próximo final de semana estarei lá aguardando sua visita.
E na quinta dia 09, re-estréia "Jingobels" no Espaço Cultural Encena!!
Na Santa Cruz pegamos o segundo ônibus, Miriam 577T, 1:20 da madrugada.
Entramos, sentamos e percebi a lentidão do motorista, uma muvuca na parte da frente do busão.
Parou tudo.
- Motorista, parou por quê?
- Eu entrei as 9 horas da manhã no serviço, meu!
- Abre a porta que vou descer.
- Mas o que aconteceu?
- Um homem botou a cabeça na frente do ônibus e o ônibus bateu.
- Como assim?
- Ele foi olhar se era o ônibus dele e o motorista bateu!
Nesse momento vi o calango com um rolo de papel higienico na testa.
O motorista traz o celular pro cobrador.
- Liga aí.
- Nem, nem...
E aumenta a confusão.
- 2 da manhã!
- Gente, isso pode acontecer com qualquer um.
- Não comigo!
E o ônibus tremia, uma zueira só.
Uma moça bem nutrida, dormia de pescoço pendurado com uma revista de dietas em inglês no colo.
Perto do cobrador um grupo de garotas Emo, punk, manos ...sei lá! Usavam olhos preeetos, pintados, lenços xadrezes, botas, cabelos alisados e picotados. Bebiam cerveja e faziam a festa.
Lá pelas tantas o motorista abre a porta e sai avenida a fora.
Deveria ter um curso pra ensinar a ser mãe. Com certificado e tudo!
Eu sei que tem muito mais mães decentes que pais, nem vou entrar nesse assunto.
Mas a culpa é de quem não patenteou o negócio!
Todo mundo, qualquer um, acha que pode ser pai, mãe e sair fazendo filho por aí. E o pior, criando como Deus criou batatas!
Saindo da casa de uma amiga, num desses conjuntos de prédios, escutei uma mãe conversando com a outra. O filho, um menininho, entoava uma dessas musiquinhas da pré-escola.
- Ele só fala da escola.
- Que bom.
- Adora!
- Nossa. Isso é muito bom.
- Ah, mas tem um lado bom e um lado ruim! Esse menino não me deixa em paz, falando dessa escola!
Depois o menino cresce, quebra a sala de aula, taca fogo na professora, fuzila os colegas no recreio e a mãe reclama da sorte!