segunda-feira, 4 de junho de 2012

Linha Amarela


Ela gritava ao celular no vagão lotado. 
Eu, depois de descer a boca do capeta (aquele tunel que dá acesso ao trem na estação Paulista) cansado, irritado, testemunhava aquela cena estarecido.
- Alô...oi. Eu tô com muitos poblemas em casa! Na minha família.
  Não, não. 10 anos não são 10 dias. Eu tô cansada...
Do quê? Fiquei imaginando.
- Sim, sim, sim! Não, não...
Será que era talvez? Mas o quê será que era?
- Nunca... É... sempre...
Ficou confuso.
- Fala baixo...BAIXO!
  Não, não. Sim, sim.
  Claro que não.
Não?
- Sim. Lógico que sim.
É sim ou não? O que raios seria?
- BAIXO. Fala baixo.
Ele ou ela devia estar alterado.
- Tô falando pra falar baixo. 
Ela urrava!
- Quê? O quê? Não entendi... tá baixo... Quê?
Chegamos na estação Butantã. Meus ouvidos agradeceram, mas minha imaginação continuou a mil por hora.

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