O primeiro apito

- Ai, está acontecendo alguma coisa!!
Esse lugar era calmo, tranquilo e aconchegante, mas tá muito tumultuado...
De tempos em tempos recebo um cutucão daqui, outro dali.
Tá um rebuliço aqui, onde quer que esteja, onde quer que seja!(a criatura)
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A fábrica apitou. Era o apito de 15 para as seis da tarde, mas aquela Avelina não iria trabalhar naquela noite.Não cumpriria sua jornada das seis a meia-noite como de costume!
Aquele calor infernal, os calafrios, o alvoroço e a decisão de que ninguém se encaminharia para nenhum hospital.
Deta (a mãe)
-Aquilo é um açougue! Deus me livre, vou ter esse menino aqui! Aaaai.
Dina (a tia)
-Mas Deta você vai morrer e matar esse menino, deixa de ser teimosa, muler. Vamos pro hospital!
Lia (a vizinha da esquerda)
-Muler, chama D.Rita ela é a melhor parteira aqui.
Zulmira (a vizinha da direita)
-Eu num ia pra'quele matadoro! D.Rita aí, home!! Ela é quage dotôra. (tirou o cachimbo da boca e deu uma cusparada lá longe)

E assim, naquele 15 de janeiro dos anos setentosos na empoeirada cidade de Delmiro Gouveia, na Rua Tiradentes,250, nasceu Valterlins
Aliás, nasceu Valter o restante é uma outra história...