segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Ah, cocada de leite



Quando tinha uns 10 pra 11 anos, meu sonho era poder trabalhar numa fábrica de cocadas de doce de leite que tinha na minha cidade.
Nem sei direito onde ficava e duvido muito que naquela época, soubesse.
Minha prima, uns dois anos mais velha e mais atirada no mundo, me apresentou essa ideia:
- Já pensou poder comer quantas cocadas quiser?!
Nossa isso era a extrema felicidade! Outra coisa que nessa época eu também não sabia que existia. Não com esse nome e nem tão pouco com o que significa hoje.
Minha prima, que perdi o contato a mais de 18 anos, minha vizinha nessa época, me contou direitinho no que consistiria o trabalho:
- A gente embrulha as cocadas com papel de seda branco, bem direitinho. E pode comer quantas cocadas quiser e trazer pra casa!
Isso é fácil!
Olhando pra trás, vejo que nem devia ser uma fábrica. Alguém que devia fazer cocadas caseiras e precisava de mãos habilidosas e baratas devia ter falado com essa minha prima que vivia saracoteando cidade a fora.
Tempos bons, onde uma cocada de leite poderia significar a extrema felicidade!
Hoje descobri que essa minha prima, enfartou a 4 meses atrás.
E minha mãe dizia que notícia ruim corre?!
Depois de mais de 18 anos, recebi essa notícia assim, meio torta!
É, tudo que é vivo morre!
Hoje comi uma cocada de leite embrulhada mecanicamente em um plástico e a única coisa que ainda sinto é um vazio, profundo.