terça-feira, 30 de setembro de 2014

No inicio



Eu comecei a fazer teatro em 1987, de forma pavorosa, a mais pavorosa que minha mente consegue imaginar.
Eu escrevia, dirigia, maquiava e figurinava. Agora tudo isso sem ter feito um curso ou ter visto uma peça de teatro antes. Minhas referência eram os circos, as novelas, o cinema e as representações da igreja. Tudo referência vaga e longínqua. Mas mesmo assim, as pecinhas que eu fazia e saia pelos arredores, tinham enredos, números musicais cantados ao vivo, as vezes acompanhados de violão, isso mesmo, as vezes! E eram cobrados ingressos, claro! 
Os figurinos eu não faço a menor ideia de como eram, mas deviam ser qualquer coisa de horripilante pra baixo. 
As maquiagens, eu juntava as da minha mãe que tinha passado do prazo e saia improvisando o que dava. Mas desde aquela época já tinha desenho. Rabiscos! Fazia deformações com arroz cozido e cola de uma planta que tinha no meu jardim!
Lembro que pra uma peça que se chamava A família Pinel e tratava de ambição, poder e morte numa família, eu precisa de uma peruca. Como não tinha onde conseguir uma, juntei durante vários dias os pelos dos bois abatidos no matadouro, lavei e com cola fiz um arremedo do que eu achava que fosse uma peruca.
Naquela época fotografia era quase um luxo, então me contento com as imagens borradas que surgem da minha memória fértil. E pasmem, eu me divirto!!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Decorar



Todo mundo me pergunta, quando sabem que sou ator como eu decoro texto.
Você deve ter facilidade, né? Eu não dava pra isso não.
Mas sempre tem alguém da família que dava, porque decora fácil, um primo, um sobrinho, uma filha, enfim...
Eu não sei uma fórmula de decorar. Cada um tem a sua. Um jeito. No fim das contas o que faz que eu decore é uma junção do entendimento com a repetição. E isso me faz lembrar que quando eu comecei a fazer “teatro” aos 13 anos como eu sempre fiz tudo, eu também achava que podia dirigir, na verdade se eu não dirigisse não ia ter nada. E como nem todo mundo sabia ler, e queria muito fazer eu tinha uma forma de incluir quem quisesse.
Eu fazia um roteiro e ensaiávamos infinitas tardes, com as pessoas repetindo as falas que eu inventava na hora. Eu sabia a situação e inventava na hora e assim íamos até a peça ficar pronta.
E viva José de Anchieta!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A interrogação (?)


- Você é casado?
- Não!
- Tá namorando?
-... Tô na bolha... 
E me deu um estalo, uma angústia. Engoli a seco e ri. 
E por mais que digam que eu fui pra lá, pra bolha, eu continuo dizendo angustiadamente que não!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Na falta do que dizer Sorria ou simplesmente Acene!‏


E mais uma vez:
- Mas teu blog é um diário?
- É.(Cansei dessa história. ) É um lugar onde escrevo o que acho pertinente escrever e que quem estiver interessado pode ir lá e ler. E como você pode ver nem é tanta gente assim. Mas se um dia os Et´s quiserem , podem conhecer um pouco como penso.
- Ah. Acho estranho um homem escrevendo um diário.
- Você nunca teve um diário, né? Eu entendo, quando você tinha idade pra ter um, não devia ser alfabetizada e quando conseguiu, achou que não podia. Mas não é um diário como você imagina que seja, não. Mas tem muitas coisas interessantes na internet. Com certeza meu “bloguiário” não está no top 100!
- Mas você escreve legal!
- Tá. (...)
Ouvir certas coisas de estranhos, ok! Vá lá. Mas de conhecidos?....
Bom (respiro fundo, beeeem fundo), enfim: C’ est la vie! È la vita!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O mundo está dentro de mim!


É sempre bom a gente botar os pés no chão e olhar de onde a gente veio pra arrumar a rota de onde queremos chegar ou mesmo pra nos assegurarmos de onde estamos.
Eu automaticamente sou arremessado pra casinha da minha avó paterna que ficava ao lado da minha. Uma casinha que devia ter 2 metros de atura e dois cômodos. Uma casinha que cheirava a fumo e a café torrado. Ela torrava o café uma vez por semana e eu ia mastigar os caroços até ficar com dor de barriga e com os dentes pretos! 
Minha vó era assim, bem avó! Nem aí, pra regras ou o que quer que o valha. 
Eu desde muito pequeno uns 6, 7 anos tinha curiosidade de saber como era soltar fumaça pela boca. Talvez pelo fato de ela estar sempre pitando um cachimbo pra cima e pra baixo.
Minha mãe dizia: Se eu “vê” você com um cigarro na boca, faço você engolir!!
Minha vó fazia um cigarro de fumo e me dava. Fumo de corda, forte! Eu dava uma tragada e caia, o céu girava, girava, girava!! Ficava enjoado e passava muito tempo sem poder sentir o cheiro.
Mas isso era um segredo.
E essas pequenas coisas me faziam feliz e essas lembranças ainda me fazem feliz!
Talvez por isso não almeje o céu, ficar sentado num banquinho olhando as estrelas já me basta!